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OS PRINCIPAIS DESAFIOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

OS PRINCIPAIS DESAFIOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 

O município de Caém vem de uma trajetória nos últimos anos de intensa formação continuada para os educadores, na perspectiva das metodologias ativas, aprendizagens significativas e de um ensino problematizador. Já se percebe mudanças nas práticas pedagógicas e alguns resultados positivos na vida dos estudantes. Entretanto, ainda são iniciativas pontuais, que não garantem a continuidade dessas ações, fazendo-se necessário e urgente, pensar em políticas públicas educacionais municipais para tratar das fragilidades evidenciadas nos indicadores educacionais, quer seja indicadores de acesso, de fluxo, de aprendizagem ou das modalidades.

Os professores vêm sinalizando constantemente, altos índices de alunos com dificuldades de aprendizagem, com baixos rendimentos, muitas vezes provocando a retenção desses estudantes, e gerando distorção idade/ano. O que, por vezes, acaba por aumentar o número de estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Educação de Jovens e Adultos (EJA), por seu turno, ampliado cada vez mais, precisa de metodologias adequadas para atender suas necessidades educacionais.

Outro desafio que o sistema educacional brasileiro ainda não deu conta de atender, é a Educação do Campo, mais especificamente as turmas multisseriadas, que necessitam de uma atenção particularizada, com um processo de formação continuada dos docentes, tendo em vista o melhoramento pedagógico e atendimento das necessidades do público estudantil da modalidade.

Mais uma questão que não poderíamos deixar de abordar, são as dificuldades de aprendizagem e de desempenho que os alunos apresentam. Situação sinalizada pelos professores, confirmadas nos indicadores educacionais, avaliações diagnósticas e dados das avaliações externas. Entretanto, ainda não ocorre um tratamento específico e eficaz na solução do problema apontado. Portanto, um desafio para a política educacional municipal, é desenvolver e alavancar o nível de aprendizagem dos estudantes e melhorar os indicadores educacionais da rede.

Atendimento psicopedagógico para dificuldades pedagógicas de aprendizagem

Quanto as dificuldades de aprendizagem, vivemos no contexto de não concretização da meta de alfabetizar todos os alunos no ciclo de alfabetização, assim como, também, não se concretizou a formação leitora e o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático voltado para os cálculos. Apresentando ainda resultados de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática abaixo dos índices desejados, embora esses indicadores venham apresentando melhorias.          

A escuta constante de professores (as) nos diversos etapas sinaliza para inúmeros fatores que emperram e/ou dificultam a aprendizagem dos alunos, que vão desde as questões sociais, grupos de vulnerabilidade social, econômica, fatores de saúde, desestrutura familiar, falta de atenção, dificuldades de memorização, de raciocínio, entre outros, que se manifestam na indisciplina, na desmotivação, no desinteresse.

O atendimento psicopedagógico para alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, passando por um processo de triagem e identificação da(s) dificuldade(s) que enfrentam, numa abordagem multidisciplinar, com instrumentos de avaliação psicopedagógica apropriados, torna-se cada vez mais indispensável no contexto escolar em que se vivemos, objetivando a garantia do direito de aprender a todos.

O ideal é um profissional da área de psicologia ou psicopedagogia com carga horária específica para esses atendimentos, com espaço e materiais adequados para essa demanda, atendendo alunos individualmente para possível diagnóstico psicopedagógico. Pós diagnóstico deverá ser traçado um plano de atendimento individual ou em pequenos grupos, de acordo com a dificuldade diagnosticada, com carga horária e número de atendimentos sinalizados pelo profissional de acordo com a necessidade do aluno. Dentro da carga horária desse profissional, além do atendimento ao educando, deverá prever encontros de formação para professores da sala de aula “regular”, dos alunos atendidos, para que recebam as orientações necessárias para o desenvolvimento desse aluno.

O encaminhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem será feito pela unidade escolar, mediante preenchimento de ficha com informações básicas que justifiquem o encaminhamento. O profissional fará o agendamento de acordo com a ordem de chegada das fichas de encaminhamento pela escola e dará retorno emitindo relatório do trabalho realizado, constando número de atendimentos, diagnóstico das dificuldades, orientações gerais a escola.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAÉM-BAHIA

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

SERVIÇO DE PSICOLOGIA /PSICOPEDAGOGIA

FICHA DE ENCAMINHAMENTO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

I- DADOS DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

UE:__________________________________________________________

Professor (a)___________________________________________________

Ano Escolar _____________ Turma___________Turno________________

DADOS DO ALUNO(A)

Nome_________________________________________________________

Data de nascimento____/____/____ Idade_______________ Filiação______________________________________________________________________________________________________________________

Endereço: ____________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________

Contato: ______________________________________________________________

III- DADOS PSICOPEDAGÓGICOS.

Queixa (motivo para o encaminhamento): __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________

1. Em relação a área da socialização, a criança:

a) Sabe esperar a sua vez? (  ) SIM (  ) NÃO

b) Interage com outras crianças? (  ) SIM (  ) NÃO

c) Trabalha sozinho numa tarefa por mais de dez minutos? (  ) SIM (  ) NÃO

2. Em relação à área da linguagem, a criança:

a) Mantém a atenção por cinco minutos ouvindo uma história? (  ) SIM (  ) NÃO

b) Consegue formar um par de objetos e gravuras se pedido? (  ) SIM (  ) NÃO

c) Sabe seu nome completo e idade? (   ) SIM (   ) NÃO

d) Memoriza rimas e canções e repete para outras pessoas? (   ) SIM (   ) NÃO

 e) Identifica cores primárias? (   ) SIM (   ) NÃO

f) Compreende ordens orais simples? (    ) SIM (    ) NÃO

__________________________           ___________________________

Diretor(a)                                                             Coordenador(a)

Formação continuada para turmas multisseriadas

A legislação que trata da Escola do Campo, aborda diversos aspectos importantes que devem ser contemplados para esse público, como: variadas formas de produção de vida, agricultores familiares, trabalhadores rurais assalariados, extrativistas, artesanais, assentados e acampados, entre outros, mas não traz questões específicas das turmas multisseriadas.

Já se registra avanços quanto a permanência dos estudantes em sua localidade. Entretanto, o número de alunos de determinada faixa etária e ano escolar, não são suficientes para formação de turmas, ocasionando as turmas multisseriadas. As abordagens não são específicas para turmas multisseriadas, deixando unicamente nas mãos do professor o grande desafio da transposição didática dos conhecimentos abordados, para um público diverso. Muitos alunos não se identificam nas turmas multisseriadas, diante de características e necessidades educacionais tão distintas; condição está que pode gerar desmotivação, baixa autoestima, indisciplina, baixo rendimento escolar, entre outros problemas.

Toda a problemática abordada evidencia a necessidade de se garantir para esse público das turmas multisseriadas, formação continuada específica dos docentes para tratar dessas necessidades educacionais, visto que, já foi vencido o desafio do acesso, mas é preciso garantir a permanência desses alunos, com qualidade, garantindo-lhes a aquisição de habilidades e competências básicas.

Distorção idade/ano

O aluno que não consegue ser alfabetizado na idade certa, conforme previsto no Ensino Fundamental de Nove Anos, ou que vem de um histórico de repetência por dois anos, se enquadra no conceito de distorção idade/ano.

Até o segundo ano do Ensino Fundamental não há reprovação, já no terceiro ano, os alunos que não conseguem ser alfabetizados, muitas vezes são retidos e na maioria dos casos, não se tem um tratamento pedagógico específico para esses alunos. Tal situação, acarreta no acúmulo de dificuldades que certamente provocará mais uma reprovação.

A distorção idade/ano é de origem pedagógica. Tal situação provoca impactos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), visto que, o cálculo para se chegar a esse índice se dá pelo cruzamento dos indicadores de fluxo escolar, registrados a partir dos dados do censo escolar e de aprendizagem, obtido pela avaliação da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Muitas vezes, a turma obtém bom desempenho em Língua Portuguesa e Matemática na prova do SAEB, porém, apresenta alto índice de reprovação e/ou evasão, fazendo com que o resultado final do IDEB do município, seja menor que o índice de aprendizagem.

Posto isso, fica claro a necessidade de se pensar numa intervenção pedagógica para a correção do fluxo, não como mecanismo de aprovação automática e indiscriminada, mas se tratando da melhoria das condições de aprendizagem, com estratégias pedagógicas específicas para esses alunos. O primeiro passo, deve ser do trato aos indicadores de fluxo, não apenas puxando dados do censo escolar, pois estes se tratam do ano anterior, mas sim, de fazer análise no início do ano letivo, dos dados do Conselho de Classe, antecipando o retrato do fluxo e promovendo ações para corrigi-lo.

A ação de correção da distorção idade/ano deve ser meta da Secretaria Municipal de Educação e de cada unidade escolar, estabelecendo coletivamente, todos os critérios para planejamento, desenvolvimento e monitoramento das ações, que devem atender aos aspectos da Avaliação Escolar, prescritas no Currículo Municipal de Caém.

A principal medida a ser executada no combate a distorção idade/ano é a Recuperação Paralela Contínua da Aprendizagem. Na carga horária semanal o professor estabelecerá uma aula para se trabalhar as dificuldades de aprendizagem específicas de sua turma, formando agrupamentos produtivos de acordo com os níveis de aprendizagem dos seus alunos, com planejamento específico que contemple:

·         Elaboração e execução do plano de ensino que preveja atividades de apoio aos alunos com dificuldade de aprendizagem, de acordo com os descritores de sua área, componente e etapa;

·         Avaliar continuamente o desempenho dos alunos;

·         Registrar os resultados obtidos, os avanços e as necessidades de aprendizagem dos alunos que não alcançaram as expectativas de aprendizagens previstas.

Os alunos deverão passar por processo avaliativo, com regimento e critérios estabelecidos pelo Conselho Municipal de Educação, fundamentos nos artigos 23 e 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),  para reclassificação, que tem como objetivo posicionar o aluno na idade/ano de escolaridade, experiência, nível de desempenho ou de conhecimento. 

Evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos (EJA)

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) na rede municipal é destinada ao público estudantil, do Ensino Fundamental, que não teve acesso a escolarização em idade própria ou sofreram descontinuidade dos estudos, portanto, uma política de reparação das mazelas sociais. A legislação prevê objetivos específicos para essa modalidade da educação básica, tais como:

·         Currículo e metodologia própria para formação de jovens e adultos, de modo a garantir a continuidade dos estudos, para que se tornem capazes de atuar efetivamente na transformação da realidade social.

·         Promoção da autonomia, com responsabilidade, fortalecendo a autoestima e a confiança para o desenvolvimento pessoal e social.

Contudo, a realidade observada ainda está distante dessas garantias. Temos um público de faixa etária diversa, portanto, com características, necessidades e interesses também diversos numa mesma sala de aula, com uma proposta pedagógica única, que acaba por não atender as demandas. O ideal seria uma proposta pedagógica para o público juvenil, diferenciada do público mais adulto, no entanto, o número reduzido de alunos tem inviabilizado ações pedagógicas que contemple essas diferenças e necessidades específicas.

Ações de busca ativa vem sendo realizadas com o objetivo de trazer para dentro da escola jovens e adultos que interromperam sua vida escolar, sem, contudo, conseguir ampliar o acesso desse público nas escolas de educação básica. A implantação da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), como um programa de Tempo Juvenil, no turno diurno, poderá vir a ser uma política pública educacional a nível municipal, para atender as demandas específicas do público juvenil, evitando turmas com características tão distintas, abrindo espaço para projetos e interesses que contemplem as demandas tanto de jovens como adultos ou idosos.

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