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MARCOS TEÓRICOS, CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS


MARCOS TEÓRICOS, CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS

O Currículo Municipal de Caém pensa a instituição escolar como espaço de práticas educacionais que possibilitem as condições necessárias para que os educandos desenvolvam suas habilidades e competências e aprendam o que for necessário para a vida em sociedade, partindo do conhecimento de sua realidade na dimensão cultural, social e política; sendo este, o sujeito de suas aprendizagens, capaz de ampliar o conhecimento em diversos níveis de aprendizagem.
Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso recusa o imobilismo. A escola em que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se fala, em que se ama, se adivinha, a escola em que apaixonadamente diz sim à vida (FREIRE, 1993).
As aprendizagens que os estudantes realizam na escola devem acontecer na interação com os pares em toda sua diversidade, nas construções e reconstruções, semelhanças e diferenças, com todos os elementos socioculturais possíveis, para a apreensão de valores, de forma dinâmica e dialógica; é nessa dialética que o homem se constitui enquanto sujeito da história e produtor de cultura.
         Nesse contexto, se faz necessário o entendimento que se tem quanto a competências e habilidades. 
              

Se propõe aprendizagens significativas, entendida como a interação da nova informação com os conhecimentos anteriores relevantes, o que implica a ousadia e disposição do sujeito para se relacionar com o conhecimento. Nesse contexto, cabe ao professor planejar situações de aprendizagens, organizar espaços e materiais, conhecer a estrutura cognitiva do educando, seus conhecimentos prévios, para que estes possam compreender e relacionar os fenômenos estudados. O professor precisa ter a clareza de que a construção do conhecimento se faz numa relação de vínculos de afetividade, de confiança, que se solidificam com o tempo, na partilha de saberes, nas decisões conjuntas, na clareza dos objetivos, quando o objeto a ser conhecido é significativo para o aprendente.
Para dar conta das demandas atuais a educação contemporânea precisa focar no ser humano de forma integral, olhando para a realidade local relacionando com a realidade global a luz do saber sistematizado. Algumas interrogações movem a educação atual. Quais experiências de aprendizagem devo proporcionar a meu aluno?  Como proporcionar aprendizagens significativas? Que são metodologias ativas?
A essas e outras indagações, o Ministério da Educação (MEC) salientou que:
Se o objetivo é formar alguém que procure resolver conflitos pelo diálogo, deve-se proporcionar um ambiente social em que tal possibilidade exista, onde possa, de fato, praticá-lo. Se o objetivo é formar um indivíduo que se solidarize com os outros, deverá poder experienciar o convívio organizado em função desse valor. Se o objetivo é formar um indivíduo democrático, é necessário proporcionar-lhe oportunidades de praticar a democracia, de falar o que pensa e de submeter suas ideias e propostas ao juízo de outros. Se o objetivo é que o respeito próprio seja conquistado pelo aluno, deve-se acolhê- lo num ambiente em que se sinta valorizado e respeitado (BRASIL, 1997).
Para que as aprendizagens sejam significativas precisamos estimular os nossos alunos permitindo que explorem os cinco sentidos, permitir que eles façam associações emocionais e informacionais, trabalhar com processo de retenção e recuperação do cérebro e com as memórias.
As pedagogias ativas podem ser compreendidas como os caminhos, metodologias, conjuntos de técnicas nas quais o estudante seja o sujeito ativo, participativo, comprometido com sua aprendizagem. As metodologias ativas levam o aluno aprender fazendo e a pensar no que faz. Para melhor entendimento, segue alguns exemplos de metodologias ativas:
     Gameficação (uso de tecnologia digital e outros truques)
     Elaboração de projetos (autonomia, equipe, liderança, solução de problemas)
     Sala de aula invertida (na flipped classroom os alunos leem o conteúdo em casa, antes da aula, e na sala o tempo é dedicado a discussão e resolução de questões.)
     Grupos de aprendizagem colaborativa
     Simpósio de pesquisa em classe
     Análise de estudos de caso
     Mapa conceitual
     Problematização, entre outros.
Em se tratando de problematização, temos o Arco de Maguerez, que incentiva a observação, a pesquisa, o raciocínio, além de contemplar o uso social do conhecimento, sendo importante ferramenta de motivação para uma aprendizagem significativa.
 Parte da observação da realidade, durante alguns dias/horas, para a identificação de problemas e a escolha de um deles para o desenvolvimento da investigação. Refletir sobre os possíveis fatores e determinantes maiores do problema eleito e definição dos pontos chave do estudo. Investigação (pesquisa) de cada um dos pontos chave, buscando informações onde quer que elas se encontrem e analisando-as para se responder ao problema, compondo assim a teorização; elaboração de hipóteses de solução para o problema; aplicação à realidade de uma ou mais das hipóteses de solução, como um retorno do estudo à realidade investigada.
Não se pode perder de vista a função social da escola: Para que ensinamos o que ensinamos? Para que os estudantes aprendem o que aprendem? Que cidadão queremos formar? Para responder a essas indagações, a escola precisa garantir direitos iguais no grupo, trabalhando questões de ética, preconceito, respeito, rompendo com conceitos estanques, com fim em si mesmo, discutindo questões que estão permeando a vida, manifestos no dia a dia de sua comunidade, das sociedades em espaços e tempos distintos.
E essa função social se dá quando se promove a aquisição e a produção do conhecimento. Esse conhecimento é o saber sistematizado, produzido pela humanidade ao longo do processo histórico, cultural e social. Portanto, o conhecimento a ser ensinado pela escola é o conhecimento científico, cultural e das práticas sociais. Assim, se o trabalho da escola é com o saber escolar, torna-se fundamental definir o que é currículo, qual a concepção de currículo que nós assumimos e, a partir disso, construir o currículo da rede. O currículo deve prever ações de promoção, defesa, proteção, reparação de direitos humanos, bem como a prevenção e o enfrentamento de situações de violência contra crianças e adolescentes.
Trabalhar apenas no campo conceitual já não atende mais as necessidades atuais. Os conhecimentos precisam ser abordados nas três categorias: conceituais, envolvendo fatos e princípios; procedimentais, que tratam das capacidades necessárias para o “saber fazer”, o que deve proporcionar autonomia aos estudantes; e atitudinais, voltados para os valores, regras, hábitos e atitudes, o aprender a ser, capacidade de desenvolvimento do pensamento crítico, de valores como senso de responsabilidade, honestidade, justiça e solidariedade.
E a finalidade da escola torna-se criar mecanismos para possibilitar momentos de socialização e construção de identidades, viabilizando as condições para que os educandos desenvolvam plenamente suas capacidades, na interação com o outro construa e transmita saberes, experiências, rompendo com estereótipos e preconceitos, dialogando com todas as diferenças com as quais o sujeito deve aprender a lidar, baseada na empatia e no respeito.
Outra questão fundamental é definir o que se entende por currículo. Tomaremos o conceito de Moreira e Candau (2006): “conjunto de práticas que proporcionam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais”.
 Na perspectiva da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), temos práticas de uma proposta comum a todo o país advindas da Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que abrem espaço para as práticas nas escolas que venham a contemplar as identidades dos sujeitos, construídas no diálogo em seus diversos espaços, social, político, ambiental e cultural, numa autonomia que contemple as realidades vividas. A própria Diretrizes e Bases da Educação Nacional ratifica os conceitos acima abordados, quando diz no caput do artigo 26: 
Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996). 
Para que o currículo ganhe vida no chão da sala de aula é necessário explicitar os objetivos, que são o gatilho disparador que nos faça repensar o que a escola pretende possibilitar ao seu aluno. Os objetivos precisam ser claros e contemplar as características cognitivas, afetivas, do desenvolvimento físico, das funções éticas, estéticas, das relações sociais no processo de aprendizagem, em cada faixa etária e contexto social. Conforme argumentou Celestin Freinet:
As crianças têm necessidades de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do teu olhar, da tua voz, do teu pensamento e da tua promessa. Precisam sentir que encontraram, em ti e na tua escola, a ressonância de falar a alguém que escute, de escrever a alguém que as leia ou compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que elas trazem de generoso e de superior (FREINET,1996).
Os objetivos dizem respeito ao indivíduo integral e devem ser adequados a cada comunidade escolar, o que requer do professor conhecer o seu aluno, suas vivências, seus valores, colocando-o como ponto de partida e de chegada das práticas educativas, atuando não apenas na transmissão de “conteúdos”, mas criando situações e estratégias para a construção da subjetividade humana.Estamos diante do desafio de estabelecer estratégias e metodologias que possibilite o alcance dos objetivos propostos. A BNCC traz em suas orientações referências ao trabalho com as pedagogias ativas e aprendizagens significativas. Ao optar por uma metodologia faz-se uma escolha teórica, mas também política, política da educação pública de qualidade, que requer estudo aprofundado e dedicação para colocar em prática. Nesse sentido, emerge a necessidade de melhor conhecer e trabalhar com as pedagogias ativas.
As Pedagogias Ativas ou Metodologias Ativas surgem no Brasil em meados do século passado com o Movimento da Escola Nova e tem como foco práticas pedagógicas de trabalho em grupo, jogos, de criação e resolução de problemas, da busca ativa do conhecimento pela interação entre os pares. As metodologias ativas alicerçam-se nos princípios teóricos da aprendizagem contextualizada e significativa, considera que a construção do conhecimento ocorre na medida em que o objeto a ser conhecido tenha significado para o aprendente. As metodologias ativas constituem-se em um movimento interessante e inovador na educação atual, pois trabalha e desenvolve a autonomia dos estudantes, algo já explícito nas obras de Paulo Freire. Pressupõem um estudante com autonomia para gerenciar seu processo de aprendizagem nas dimensões afetivas, cognitivas, sociais e culturais na construção de sua própria história.
Para César Coll são duas as condições para que as aprendizagens sejam significativas: um conteúdo potencialmente significativo e uma postura favorável para a aprendizagem, o que permite fazer associações entre o que se sabe e os novos elementos, na construção de conhecimentos sólidos, no exercício permanente da pesquisa, pela curiosidade científica, poder inventivo de criação, da reflexão-ação, senso de responsabilidade, ética, e valores indispensáveis para o convívio social. Deve ser garantido ao discente o conhecimento e/ou participação sobre o que irão estudar, sobre a dinâmica da aula planejada, para que possa se organizar e interagir com autonomia de forma individual ou coletiva, num processo compartilhado de saber democrático, de convergências e divergências de opiniões, exercitando seu poder de argumentação e elaboração hipóteses.
Aprendizagem significativa se faz em espaços múltiplos, complexos em suas diversas relações, no movimento do encontro de várias áreas do conhecimento articuladas às necessidades da comunidade escolar e para além dela. Segundo Morin: “Para pensar localizadamente, é preciso pensar globalmente, como para pensar globalmente, é preciso pensar localizadamente (MORIN, 2004, p.25).
Nesse sentido, a organização do trabalho pedagógico por meio de projeto atende ao conceito de aprendizagem significativa e ativa, cabendo ao professor planejar os conteúdos, com objetivos que deixe claro o que os alunos devem aprender a partir da situação problema, para um propósito social ou o produto final. A definição do tema, do problema pode ser feita com a participação do aluno, ouvindo as perguntas que fazem cotidianamente, seus desejos e motivações, como também a partir de necessidades da comunidade escolar e seu entorno, pode atender a expectativas do todo, mas também de grupo específico. O professor precisa estar atendo a todas as etapas do processo, não apenas no produto final, para que não se transforme em projeto de “evento”.
As metodologias ativas permitem os intercâmbios dos saberes, as discussões e interações, além de criar situações de exploração dos diversos ambientes da escola e seu entorno. O ambiente da sala de aula precisa ser muito bem organizado, evitando se aprisionar os alunos em carteiras enfileiradas, que dificultam as interações. É necessário se prensar em espaços para a criação de materiais, ou uso de diversos materiais desde consulta de livros, jornais, assistir a um filme, atividades que envolvam correr, pular, dançar, encenar, etc.
As paredes ou os murais precisam de uma organização lógica e de uso contínuo, devendo os alunos serem consultados sobre o que deverá e como será exposto, para que cuidem desses trabalhos, numa relação respeitosa de suas produções, das produções do outro e sentimento de pertença e construção de identidade individual e coletiva, exercitando as competências socioemocionais preconizadas na BNCC. Com o ambiente organizado a criança ou adolescente procura explorar e descobrir aquilo que é familiar e o que é novo ou desconhecido, agindo num clima de maior estabilidade e segurança.
“A educação é um processo social. Não é a preparação para a vida, é a própria vida”. Assim diz John Dewey. Só se aprende a fazer, fazendo, só se aprende a ser, sendo, pensando. Se aprende na participação e nas diversas interações. Se aprende num ambiente de circulação de ideias, na diversidade de materiais, espaços e situações, onde o tempo é administrado pelas necessidades do trabalho, onde acontece a produção e as decisões são de cunho coletivo, com a orientação do professor que cuida atenciosamente de toda a rotina escolar.
Nesse sentido, a rotina é essencial para o trabalho pedagógico, para situar no espaço, no tempo, mas não é um fim em si mesma, está a serviço de um planejamento prévio, cotidiano e de interesse coletivo. A rotina precisa fazer parte dos princípios filosóficos e metodológicos da escol. Representa também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado, tempo livre. Faz-se necessário antes de tudo, conhecer o grupo com os quais se irá trabalhar e consequentemente partir para o estabelecimento de uma sequência de atividades diárias conforme as necessidades sinalizadas.
A escola contemporânea é diversa e multicultural, é a escola de sujeitos distintos em suas marcas, desejos, limitações e possibilidades, mas principalmente do sujeito de direitos. A escola precisa ser pensada para todos, precisa incluir todas as diversidades. Pensar numa escola inclusiva é antes de tudo reconhecer que muito ainda há por fazer para garantir não apenas o acesso, mas a permanência na escola com qualidade para todos. Sendo assim, a escola para todos precisa ser pensada e executada por todos, baseada nos princípios de gestão democrática, com a elaboração de metas, na perspectiva do planejamento estratégico de compromisso coletivo, quer seja no gerenciamento de recursos financeiros, materiais, humanos, nas áreas administrativa e pedagógica, para as quais o aluno é o centro de todas as ações e intervenções, objetivando a garantia dos direitos de aprendizagem.
Na sociedade contemporânea de movimentos e mudanças constantes, é preciso repensar a escola, ela precisa fazer parte desse movimento pois o aluno precisa aprender coisas que façam sentido em sua vida, que sejam de uso social, a família conta com a ajuda da escola para “formar” seus filhos preparando-os para necessidades presentes, mas também na perspectiva do futuro cidadão que virá a ser, a sociedade também vê na escola a base de tudo, a saída para muitas mazelas sociais. Portanto o currículo é o “coração da escola” e tem como elemento central o conhecimento escolar, pois é a partir dele que se projetam e são desenvolvidas as ações efetivadas no processo de aprendizagem de cada ser.

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