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FORMAÇÃO CONTINUADA - UM DIREITO DO EDUCADOR

FORMAÇÃO CONTINUADA - UM DIREITO DO EDUCADOR

       Com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) temos uma nova era na educação brasileira, alinhando as aprendizagens essenciais para cada etapa da educação básica em todo o país, na perspectiva dos direitos dos educandos. Por outro lado, temos os municípios exercendo sua autonomia na elaboração dos seus currículos, de modo a contemplar as diversidades e identidades sociais, culturais e históricas locais, sem perder de vista a formação integral do ser, de acordo com as dez competências gerais propostas pela BNCC para todas etapas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
        Diante dos novos desafios, a implementação da Base Nacional Curricular Comum e dos currículos no âmbito municipal, torna-se cada vez mais indispensável e essencial uma estrutura de política pública para formação continuada dos educadores, à luz das demandas educacionais contemporâneas e de uma sociedade cada vez mais complexa. A própria LDB prevê no artigo 62, parágrafo 8º, que: “os currículos dos cursos da formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular” (BRASIL, 1996), indicando a necessidade de ajustes nos cursos de licenciatura em todo o país. Até então, os cursos de licenciatura não contemplam na formação inicial dos professores os processos de ensino-aprendizagem focados nas competências e habilidades. As aulas ainda estão centradas no princípio da exposição de conhecimentos, por parte do professor, que deverá “transmitir” o conteúdo para o estudante, ou seja, com práticas que não atendem as demandas atuais.
        O ensino por competências e habilidades requer mudanças de práticas pedagógicas, o que significa a configuração de um novo perfil de ser professor (a), que deixa de ser o centro do conhecimento e passa a ser o mediador, construindo o senso investigativo e estimulando o poder criativo dos educandos, preparando espaços e materiais, criando situações de aprendizagem, dentro dos conceitos de aprendizagens significativas, fazendo uso de metodologias ativas, na perspectiva do protagonismo estudantil. Nesse novo contexto educativo, os conhecimentos ultrapassam os muros das escolas e das salas de aula e ganham o mundo, ganham vida. São construídos no diálogo, na interação, nas diversas linguagens e manifestações do pensamento, com as novas tecnologias e em situações de uso social.
        O professor (a) que não foi formado (a) nessa perspectiva, se vê diante de inúmeros desafios, para dar conta do desenvolvimento integral desse aluno, que é “digital” e constantemente atraído por inúmeras possibilidades advindas do mundo tecnológico, para formar o cidadão que virá a ser: pensante, crítico, criativo, reflexivo, responsável, autônomo, com competência de autogestão, empatia, cooperação, poder de argumentação e comunicação. Estamos diante do desafio de ensinar de forma diferente de como se aprendeu, e de abrir mão de práticas pedagógicas, que fizeram parte do seu dia a dia profissional durante anos.
    Posto isso, fica patente a necessidade de se investir em política de formação continuada para o desenvolvimento de novas competências e habilidades de professores, gestores e coordenadores pedagógicos, no exercício de suas atividades.
    O programa de formação continuada deve considerar a importância:

  • Da formação continuada ter duração suficiente para possibilitar as novas as práticas pedagógicas.
  • De manter uma dinâmica clara e objetiva, fazendo a ponte entre conhecimentos teóricos e as práticas pedagógicas.
  • Fazer uso dos resultados dos dados das avaliações de aprendizagem para nortear as ações de formação continuada.
  • Formação continuada com foco nas habilidades específicas do Currículo Municipal na perspectiva da transversalidade e da formação humana.
  • Da formação continuada atender demandas específicas das etapas e modalidades.
  • Formação continuada da Educação Especial, priorizando o ensino bilíngue com Libras, na comunidade escolar que receba aluno surdo.
  •  Formação continuada da Educação do campo: com foco no ensino na perspectiva do campo e do trabalho com turmas multisseriadas.
  • Formação continuada da Educação de Jovens e Adultos, na perspectiva do desenvolvimento do Projeto de Vida, do mundo do trabalho, do tempo juvenil e da elaboração de material didático específico.
  • Formação continuada docente para Educação Escolar Quilombola.
  • A formação da gestão escolar e da coordenação pedagógica para apoiar e/ou liderar a implementação das ações na escola de maneira estratégica e articulada.
  • Garantir espaço de socialização de boas práticas com a interação entre os educadores.
  • Formação para uso das novas tecnologias.
  • Formação na perspectiva cultural centrada na diversidade, na produção e consumo das culturas, partindo das manifestações locais.
  • Elaboração e/ou atualização dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) de acordo com o Currículo Municipal.
  • Trabalhar com as metodologias ativas e aprendizagens significativas.
  • Trabalhar o Currículo Municipal enquanto ferramenta que dá autonomia e articula essa política local com a prática docente.
  • Identificar ou atender as indicações sinalizadas pela Secretaria Municipal de Educação.

    Vale salientar que, mesmo não tendo sido formado na perspectiva da BNCC, muitas práticas pedagógicas já vêm sendo desenvolvidas nesse sentido. Sendo assim, as formações continuadas devem reconhecer e valorizar as experiências dos educadores, fomentando a formação entre os pares no cotidiano escolar. As formações devem acontecer de modo articulado entre as dez competências gerais da BNCC, criando situações em que os educadores vivenciem essas competências em grupo, com seus pares, com respeito a diversidade, desenvolvendo a empatia, refletindo sobre suas práticas, reconhecendo seus pontos de entrave, buscando superá-los, sendo resiliente ao lidar com desafios do dia a dia, e socializando suas boas práticas.
    A formação continuada é antes de tudo um direito do educador (a), sendo mais uma ferramenta educativa que poderá contar na relação com os novos desafios e demandas da educação no século XXI, auxiliando seu planejamento, suas práticas pedagógicas, o processo de ensino-aprendizagem, a avaliação escolar e considerando o Currículo Municipal, principal política da educação do seu lugar.

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