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AS TRANSIÇÕES – EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

AS TRANSIÇÕES – EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

No contexto de elaboração do currículo municipal, não poderia ficar de fora os desafios que os estudantes se deparam nas mudanças de etapa e as transições da vida escolar; nem tão pouco, deixar de refletir sobre o acolhimento a estes estudantes em suas necessidades e fases da vida. A escola precisa conhecer, compreender e atuar nas mudanças de comportamento, que passam os educandos em cada fase de transição escolar, empreendendo esforços conjuntos e criando estratégias, para que esse momento não seja traumático, e sem riscos para o seu desenvolvimento biológico, cognitivo, social e emocional.

As transições ocorrem na passagem dos estudantes nas etapas educacionais, da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, do Ensino Fundamental para o Ensino Médio. Reconhecendo ainda, como momento importante de transição, a mudança dentro do Ensino Fundamental, dos Anos Iniciais (1° ao 5° ano), onde geralmente o estudante tem um professor polivalente, para os Anos Finais (6° ao 9° ano), momento em que o estudante além de mudar de ambiente escolar, passa a ter um novo tipo de relação e arranjo curricular,  isto é, vários professores e componentes curriculares.

Essas transições muitas vezes aparentam ser tranquilas, entretanto, muitas crianças e adolescentes sofrem caladas as mudanças nas suas relações, rotina e experiência escolar; fazendo com que suas necessidades, inseguranças e medos sejam manifestados através da mudança de humor, indisciplina, falta de motivação, entre outras manifestações comportamentais. Um fator agravante para a situação, é que, muitas vezes ocorre a mudança de escola; a chegada do estudante no novo ambiente até então desconhecido para ele pode gerar inseguras. Outro fator a ser considerado são as mudanças próprias do desenvolvimento humano com as diversas infâncias, com as mudanças da fase de criança para pré-adolescência, da adolescência para a chegada da juventude, com todas as características e transformações próprias de cada fase da vida.

Na Educação Infantil o grande desafio é assegurar a todas as crianças brincadeiras e interações, garantindo-lhes os direitos de aprendizagem, dentro do ritmo, características e interesses de cada faixa etária, sem queimar etapas, promovendo o desenvolvimento pleno e integral desse ser em formação. A Educação Infantil não pode ser reduzida a uma preparação para o ensino fundamental. A criança nessa fase precisa se conhecer, se descobrir, explorar diversas formas de se expressar, de conhecer a si, conhecer o outro, conhecer o mundo, fazendo uso de múltiplas linguagens, construindo a sua identidade com autonomia e segurança, num ambiente planejado para essa finalidade.

As instituições escolares que recebem alunos chegantes da Educação Infantil, devem estar atentas, no sentido de manter a ludicidade própria das infâncias, oferecendo uma educação prazerosa e investigativa, primando pela criatividade e autonomia da criança, na busca de soluções para os desafios do cotidiano escolar.

No Ensino Fundamental, embora os Anos Iniciais e Anos Finais estejam teoricamente juntos, fazendo parte da mesma etapa, o que nem sempre foi assim:

A relação entre os anos iniciais e os anos finais do ensino fundamental constitui-se a partir da diferenciação entre ambos desde a Lei de criação das escolas das primeiras letras, em 1827, a implantação da escola primária, em 1854 e o exame de admissão para acesso ao ginásio, nas décadas de 1930 e 1940. Somente em 1971, por força de lei, institui-se o ensino de primeiro da junção do ensino primário de ginasial e, em 1996, passou a ser denominado de ensino fundamental. Em 2004, a mais recente modificação, mas não a última: o ensino fundamental de nove anos (CAINELLI E OLIVEIRA, 2013, p. 5). 

Existem especificidades para cada fase do Ensino Fundamental, cujas mudanças de leis não foram suficientes para evitar rupturas e conflitos vividos em sala de aula. As próprias terminologias Anos Iniciais e Anos Finais, não existem do ponto de vista legal, são arranjos pedagógicos.

É importante que o professor do 5º ano ao longo do ano crie expectativas positivas quanto a chegada dos estudantes no 6º ano, informando-lhes sobre algumas mudanças: aulas de 50 minutos, um professor para cada disciplina, da organização da instituição de modo geral - evitando ou minimizando sentimentos de insegurança e medo. Até então, no 5º ano esses alunos são os “maiores” e estão familiarizados com toda dinâmica da escola, possuindo uma relação de pertença, o que se modifica na passagem para o 6° ano. Tudo isso precisa ser trabalhado sob o viés da autonomia, do crescimento e da independência dos estudantes. Assim como, os professores do 6° ano deverão acolher esse aluno apresentando a escola nova, com sua dinâmica, suas regras, horários, espaços, serviços, metodologias de estudo; orientando os estudantes como deverão se organizar para cumprir as tarefas escolares e pesquisas solicitadas por diversos professores, criando um clima de confiança e segurança nas relações escolares, deixando claro o que se espera deles ao final de cada etapa/período, apresentando e discutindo com as turma aspectos relacionados a dinâmica das aulas, projetos escolares, temas, e do processo de avaliação escolar.

O estudante que irá ingressar no Ensino Médio também irá se deparar com todas essas mudanças: nova escola, novos colegas e professores, novos componentes curriculares e propostas pedagógicas, projetos de vida. Um mundo novo, numa fase que carrega em si um turbilhão de transformações próprias da adolescência e juventude, que não podem ser desconsideradas. O ideal é um trabalho de prevenção, de acolhimento, de estratégias específicas para que o estudante aprenda a se posicionar diante das novas demandas, o que não acontece naturalmente, precisa ser ensinado. Funcionamento da comunicação através de mural de avisos, anotações de atividades e compromissos por componente curricular, organização de horários de estudo, de realização e entrega de tarefas de casa, trabalhos/pesquisas de acordo com os horários de aula de cada disciplina, estratégias e metodologias de estudo.

Em qualquer das fases de transição, espera-se que a nova escola acolha e crie possibilidades de uma transição tranquila, o que certamente implica no desenvolvimento e trabalho com competências entre os estudantes, para lidar com o novo meio social ao qual será inserido, de forma positiva, com confiança para vencer os medos e desafios que a vida pode lhes apresentar. A forma como o aluno é acolhido, nesse momento, provocará impactos em sua vida, quer seja do ponto de vista emocional na sua formação pessoal, quer seja no seu desenvolvimento cognitivo e outros aspectos atitudinais e comportamentais, que fazem parte de sua vida; promovendo seu bem estar em um novo grupo social, diante da nova situação, nessa fase marcada pelo desafio de deixar a estabilidade de relações construídas, diante das possibilidades de novas construções e relações sociais.

A afetividade intervém nas operações da inteligência, estimulando-as ou perturbando-as, podendo comprometer o desenvolvimento intelectual. Os mecanismos afetivos e cognitivos permanecem indissociáveis, embora distintos, na medida em que os primeiros dependem de uma energética, e os segundos de estruturas (PINTO, 2001, p. 3). 

É indispensável que se promovam reflexões, para se avaliar as ações pedagógicas, observando se estão estejam próximas as particularidades do desenvolvimento social e afetivo dos estudantes, em cada faixa etária, visto que, essas mudanças muitas vezes intervêm na construção dos conhecimentos. São ações que podem prevenir a queda no rendimento escolar, a indisciplina e o desinteresse, possibilitando aos estudantes o domínio dos conhecimentos culturais e científicos. Dessa forma, ouvir os estudantes deve ser uma das principais ações que irão nortear as práticas pedagógicas docentes.

É interessante que as instituições dialoguem entre si durante o ano letivo, promovam a realização de algumas atividades conjuntas, objetivando a interação dos alunos entre si, com os adultos, conheçam os espaços e as dinâmicas das outras unidades escolares, por meio de aulas de campo, pesquisas, projetos, como convidados para assistirem apresentações. As famílias dos estudantes precisam ser inseridas nesse contexto de acolhimento, sendo recebidas pela escola, conhecendo a proposta pedagógica, regras e rotina e toda organização escolar, mas também sendo orientada sobre essa transição, de como poderá acompanhá-lo, orientando, sem lhe tirar a autonomia.

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