AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
AVALIAÇÃO ESCOLAR INTERNA
Durante muito tempo, a chamada “Pedagogia Tradicional”, entendia que a avaliação devia ter um perfil de exame. A ideia da avaliação como exame é uma prática antiga na história da educação, remonta aos séculos XVI e XVII, sendo forma empregada em escolas jesuítas e protestantes, que utilizavam como ferramentas de avaliação testes e provas. Esta perspectiva de avaliação fundamentava-se na crença de que a função da avaliação devia ser realizada enquanto ação de verificação do cumprimento dos objetivos da aprendizagem traçados no currículo, isto é, a de averiguar a eficiência do ensino. Todavia, esta concepção apresentava algumas restrições e limitações.
Alguns dos problemas relacionados com a visão de avaliação da “Pedagogia Tradicional” é sua forma de tratar os sujeitos da aprendizagem como passivos, meros acumuladores de informações repassadas pelos professores e a valorização da memorização e reprodução dos conteúdos, para ter sucesso na resolução das provas e exames. Enfim, a avaliação tinha a função, sobretudo, de verificar, controlar e classificar os sujeitos. De tal forma, não servindo como meio para diagnosticar problemas da aprendizagem e instrumento para repensar o processo de ensino.
Outra concepção de avaliação, bastante difundida entre os educadores, diz respeito ao entendimento da mesma como um processo de mensurar os conhecimentos dos sujeitos, utilizando de testes e com o propósito de saber a ocorrência do cumprimento dos objetivos delineadas no currículo - saber se foram atingidos ou não. A preocupação central era a produção das ferramentas e testes mais eficientes possíveis de avaliação. Dentro deste modelo teórico de avaliação – avaliação como medida - a sua prática era técnica, consistindo na verificação e mensuração das aprendizagens ou comportamentos estipulados nos objetivos dos currículos.
As concepções de avaliações como exame e como medida, partilhavam da visão de que avaliar significava averiguar, medir e classifica sujeitos, e sempre tendo em vista o cumprimento dos objetivos definidos no currículo. Nas duas abordagens, como exame e como medida, identifica-se a prevalência da visão da avaliação na sua dimensão quantitativa. A ideia comum é por meio de testes e exames medir a quantidade do que foi ensino e aprendido pelos sujeitos, tendo em vista os objetivos estipulados.
Diante dos modelos teóricos de avaliação, por exame e por medida, reinantes por muito tempo na história da educação, ambos restritos a uma concepção quantitativa da avaliação educacional, críticas foram feitas e outros modelos alternativos foram desenvolvidos. As teorias pedagógicas construtivistas e sócio-construtivista, emergentes no século XX, passaram motivar críticas ao modelo de avaliação quantitativo, ressaltando que a aprendizagem devia ser vista como um processo em construção e que o papel da avaliação era de contribuir para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Nesta outra linha de abordagem defende-se uma concepção de avaliação de caráter qualitativo.
A ideia básica desta outra perspectiva (qualitativa) é que a avaliação não merecia ser vista como um ato de mediar e forma de classificar os sujeitos, contudo, uma ação para diagnosticar e investigar o desenvolvimento das aprendizagens; instrumento para subsidiar o docente no processo ensino e ajudar o estudante na construção do conhecimento. De acordo com Luckesi (1995), a avaliação ou o ator de avaliar deve ser visto não como um meio de classificação, e sim tendo uma função de diagnóstico, portanto, um meio relevante para se tomar uma atitude de intervenção diante do que não foi alcançado, de repensar a trajetória feita, das escolhas e instrumentos trabalhados; a avaliação deve ser encarada em função do processo de ensino-aprendizagem.
A avaliação escolar tem sido um dos maiores desafios para os educadores e muitas vezes trágico para os estudantes, isso porque é vista como uma etapa final, geralmente utilizada como instrumento de mensuração de determinados conteúdos, sinalizando os “erros” cometidos, evidenciando os não saberes em detrimento dos saberes construídos.
a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc.
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança. É mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes..(BARROS, 2003).
É preciso romper com a avaliação excludente, silenciosa e de mão única que hierarquiza indivíduos. A avaliação não deve estar pautada em princípios de competitividade, que se ocupa em treinar, em selecionar e segregar (PERRENOUD 1999). A prática de avaliação traz em si julgamentos de valores, marcado por uma determinada visão de mundo e entendimento da educação, portanto, não é uma ação objetiva, neutra ou técnica, porém, carregada de valores e conceitos do educador. Logo, a avaliação tem relação imediata com um modelo teórico que inspira o profissional e lhe serve de referência, com uma visão de educação e de mundo.
O Currículo Municipal de Caém propõe uma avaliação baseada em princípios:
Éticos - de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia, de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Políticos - de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos ambientais, da busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e outros benefícios, da exigência de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades, da redução da pobreza e das desigualdades sociais e regionais.
Estéticos - do cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade, do enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade, da valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente a da cultura brasileira; da construção de identidades plurais e solidárias.
A avaliação da aprendizagem será realizada pelo professor de forma contínua e cumulativa, para garantir o desenvolvimento integral do estudante, na promoção do seu sucesso escolar, atendendo as seguintes dimensões:
- DIAGNÓSTICA - de caráter investigativo, buscando identificar avanços e dificuldades da aprendizagem;
- PROCESSUAL CONTINUADA - identificando a aquisição de conhecimentos e dificuldades de aprendizagem dos estudantes, permitindo a adoção de medidas de correção do percurso escolar de recuperação paralela;
- CUMULATIVA - preponderando as avaliações realizadas no processo de construção do conhecimento; e
- EMANCIPATÓRIA - que deve se desenvolver de forma participativa e democrática em que os agentes envolvidos analisam e manifestam sua autonomia no exercício de aprender e ensinar.
A avaliação da aprendizagem objetiva o diagnóstico das aprendizagens, correção de procedimentos de ensino e a melhoria do rendimento escolar. Para atender as necessidades avaliativas, todas as unidades escolares deverão realizar atividade diagnóstica no mínimo anualmente, antes do planejamento da primeira unidade letiva, de preferência em rede. O ideal é que se realize avaliação diagnóstica inicial, medial e no final do ano letivo.
A avaliação escolar deve assegurar ao educando o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se fundamenta a sociedade, a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a formação de atitudes e valores como instrumentos para uma visão crítica do mundo, o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Na avaliação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação serão consideradas as especificidades de cada deficiência, de acordo com os objetivos traçados para esse educando, baseados nas limitações e possibilidades sinalizadas no planejamento conjunto do professor da sala “regular” com o Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecido nas salas multifuncionais ou centros especializados, considerando as adaptações necessárias para cada necessidade sinalizada. Uma vez que, a avaliação na Educação Especial, parte-se do pressuposto do planejamento educacional e do progresso dos alunos, ou seja, o foco não é quantitativo, mas qualitativo, pois o ato de avaliar na Educação Especial, tem como proposta atender as necessidades específicas de cada aluno, tendo como objetivo, mediar, garantir e proporcionar oportunidades de ensino, em suas diversas necessidades.
AVALIAÇÃO ESCOLAR EXTERNA
A avaliação externa, organizada pelo Ministério da Educação (MEC), visa ao diagnóstico do desempenho dos estudantes para subsidiar a definição e o acompanhamento de políticas públicas educacionais.
Cabe a cada unidade escolar, orientada pelos órgãos estaduais e municipais, preparar sua comunidade escolar para participar dessa avaliação externa, informando seus objetivos, metodologia de aplicação, distribuir atribuições a cada membro da comunidade escolar para garantir as condições necessárias para o bom desempenho dos estudantes.
AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
Todos os envolvidos direta ou indiretamente no processo educativo precisam fazer parte dos processos avaliativos. A aprendizagem não acontece apenas entre as quatro paredes da sala de aula, entre professor e aluno, mas em todos os espaços e pessoas que o indivíduo tece relações. Assim, o Currículo Municipal corrobora com outros documentos, como o PME, e propõe a realização da Avaliação Institucional.
A avaliação institucional visa a fornecer subsídios para um diagnóstico dos processos pedagógicos e administrativos das unidades escolares e do sistema de ensino, com vistas à definição e acompanhamento das políticas públicas e projetos implantados nas unidades escolares, devendo:
I. identificar nas ações do dia a dia nos processos contínuos de ensino e aprendizagem a consecução das metas e objetivos da política de educação;
II. acompanhar o desempenho do corpo diretivo, técnico–pedagógico e administrativo, docentes, discentes e servidores administrativos;
III. manter parceria efetiva com a comunidade escolar e seu entorno nas atividades propostas pela unidade escolar;
IV. acompanhar, avaliar e atualizar o Projeto Político-Pedagógico da unidade escolar em conformidade com o Plano Municipal, Currículo Municipal e demais leis educacionais em vigor;
V. estar conformidade com as diretrizes de avaliação dos processos ensino e aprendizagem, definidas no Currículo Municipal, no Regimento Escolar e no Projeto Político-Pedagógico da unidade escolar, quanto a objetivos, competências e habilidades trabalhadas.
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